Ponciá era uma menina negra, descendente de escravos que vivia num lugar onde tudo faltava, só não o vazio, esse sobrava.
Relata o desamparo da pobreza e conforme vai crescendo relata a luta por mudanças sem muitos meios para prosseguir pois o nada a acompanha por onde for.
Ponciá entrega-se ao vazio, o vazio daquele que não tem esperança, o vazio do estômago que não tem alimento, o vazio da cama que não tem afeto, o vazio das relações que não tem companheirismo, o vazio da condição feminina que não tem respeito, o vazio da fala que não tem escuta, vivendo sempre a dor da ausência.
Eis aqui uma história da solidão acompanhada de lembranças de um povo massacrado e escravizado por outros.
Pergunto: Até quando?
Autor: | Conceição Evaristo |
Categoria: | Adulto |
Editora | Pallas |
Publicação: | 2018 |
Fonte: | Link: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa6851/conceicao-evaristo |
post de: Nan Lourenço
Muda-se para o Rio de Janeiro em 1973, ocasião em que é aprovada para o magistério. Estuda na Universidade Federal do Rio de Janeiro e forma-se em Letras. Ingressa no mestrado em Literatura Brasileira da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/RJ) onde defende, em 1996, a dissertação Literatura Negra: uma poética da nossa afro-brasilidade. Defende a tese de doutoramento Poemas Malungos – Cânticos Irmãos, em 2011, na Universidade Federal Fluminense (UFF).
Tem participação em revistas e publicações, nacionais e internacionais, que tem por tema a afrobrasilidade. Tal engajamento inicia-se na década de 1980, por meio do Grupo Quilombhoje, responsável pela estreia literária de Conceição em, 1990, com obras publicadas na série Cadernos Negros. Suas obras, poesia e prosa, especialmente o romance Ponciá Vicêncio(2003), abordam temas como a discriminação de raça, gênero e classe. Atualmente, Conceição leciona na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) como professora visitante.