Nikolai que é o menino que narra sua INFÂNCIA, é dito ser o alter ego do Tolstói. Narra sua infância com tanta sensibilidade e saudosismo que remete quem o lê a sua própria infância, tempo de saudades.
Tão poético e cheio de afeto prossegue narrando o amor pela mãe, suas relações familiares, sua relação de proximidade com a natureza e a descoberta do amor.
É um grande observador dos sentimentos, sempre muito preocupado com o que lhe é caro.
Mesmo vivendo com leveza o que marca o fim de sua infância é a vivência de uma grande perda em sua vida. A dor que o impulsiona ao crescimento.
Impossível não se apaixonar por Tolstói após ler Infância com o amor e a ternura sempre presentes.
Com a mesma maestria poética narra a ADOLESCÊNCIA, momento esse em que vai percebendo a si mesmo e ao outro, onde vai adquirindo um amadurecimento emocional extraordinário, conhecendo o amor e a traição, percebendo as diferenças sociais e se incomodando muito com elas, descobrindo a diferença entre educar e humilhar, abominando a humilhação. Constrói teorias filosóficas para explicar a vida junto com a descoberta da humanidade de seu pai, antes um herói e, presencia a morte como mensageira de sua própria inexistência.
Já na JUVENTUDE passa a se entender como aquele que deve agir, se faz necessário transformar em atos o que pensa e imagina como sendo o certo a seguir. Porém, tudo se faz confuso pois esbarra o tempo todo no que imagina ser o desejo do outro, se preocupa muito em agradá-lo pois assim acredita que fará parte de um todo.
Em busca de ser, imita o adulto e se indigna quando percebe essa mesma atitude em outros jovens, questionando a vergonha do ato de fingimento que para ele se tornou tão corriqueiro, eis o exercício de tornar-se.
Deixar a adolescência não é tarefa fácil, deixam-se os sonhos, instalam-se as ações, principalmente aquelas que se fazem necessárias para ser aceitos aos que se acham adultos. Tantas inseguranças.
Acredito que a quarta parte do livro que Tolstói tinha vontade de escrever sobre a VELHICE talvez contaria-nos sobre o engodo do outro que não existe, deixando-o de lado e sendo apenas o que se é.
Ou esse engodo é só meu?
¨Se a juventude soubesse, se a velhice pudesse.¨
Livro de leitura deliciosa.
Autor: | Liev Tolstói |
Categoria: | Adulto |
Editora | Todavia |
Publicação: | 2018 |
Fonte: | Link: https://revistagalileu.globo.com/Sociedade/noticia/2018/09/liev-tolstoi-5-curiosidades-para-entender-vida-e-obra-do-escritor.html |
post de: Nan Lourenço